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Papo Cabeça

Uma coluna que terá como tema as doenças mentais, mal que aflige as pessoas do mundo moderno. Dicas profissionais de como entender e aprender a conviver melhor

por Fundão News

“Você anda bem… ou só está online?”
 O impacto das redes sociais na saúde mental

Por João Guilherme Mamede – Psicólogo clínico C.R.P-RJ  05/37456

Vivemos muito conectados. Basta um deslizar de dedo e já estamos em outra realidade: stories com cafés bonitos, vídeos de pessoas que “acordaram produtivas”, dancinhas, tretas, frases motivacionais com fundo de pôr do sol. Tudo junto. O tempo todo.

Mas a pergunta que tem martelado nos consultórios é: até que ponto esse excesso de conexão está, na verdade, nos desconectando de nós mesmos?

As redes sociais não são vilãs. Elas aproximam, informam, divertem e, em tempos difíceis, até acolhem. O problema não está no uso — está no excesso. Quando passamos horas e horas rolando a tela, comparando nossas vidas com recortes maquiados de outras pessoas, nosso cérebro não sai ileso.

Estudos têm mostrado ligações entre o uso intenso de redes sociais e o aumento de sintomas de ansiedade, depressão, insônia e baixa autoestima. Isso acontece porque nosso cérebro, que evoluiu pra interações reais, acaba sendo bombardeado por estímulos constantes, recompensas instantâneas e uma avalanche de informações (muitas vezes irrelevantes, outras tantas negativas).

Além disso, criamos a ilusão de que estamos sempre “atrasados” em relação aos outros: alguém está viajando, outro comprou um carro, fulano virou empreendedor de sucesso aos 22. E você? Tá de moletom às 10 da manhã, tentando levantar da cama. E tudo bem.

A boa notícia é que é possível usar a tecnologia a nosso favor. O caminho não é “sumir das redes”, mas usá-las com consciência. Aqui vão algumas ideias práticas, vindas direto do divã:

  • Desligue notificações: sua atenção vale ouro, não entregue de graça.
  • Tenha momentos offline: não precisa virar monge, só se permitir estar inteiro em algo real, sem interrupções.
  • Consuma com intenção: siga perfis que te façam bem, que te informem ou inspirem — e silencie os que te afetam negativamente.
  • Compare menos, viva mais: lembre-se de que ninguém posta boletos, crises existenciais ou noites mal dormidas.

Cuidar da saúde mental hoje também passa por entender a nossa relação com o digital. Isso não é frescura, é autocuidado. Porque no fim das contas, mais importante do que estar online é estar presente. E, principalmente, bem.

 

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